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Design Cradle to Cradle: um novo paradigma

E se no lugar de apenas minimizarmos os danos ao meio ambiente, atual paradigma sustentável, pudéssemos gerar benefícios à natureza, através de um novo modelo de economia e produção de bens? Esta é a proposta do químico alemão Michael Braungart, referência mundial em economia circular, que fez palestra na Casa Firjan, em 29/03. “Quando falamos em lixo zero, ainda estamos pensando em lixo. Mais efetivo é não produzir resíduos. Precisamos almejar sermos bons para o planeta e para as espécies e não sermos menos ruins”, argumentou, diante de uma plateia lotada.

Trata-se do design Cradle to Cradle (do berço ao berço), abordagem defendida por Braungart, que considera todos os materiais envolvidos nos processos industriais como nutrientes que devem retornar à biosfera após o seu uso. Esse é o fundamento da chamada “economia circular”, que visa substituir o modelo linear de extração, produção e descarte de bens (do berço à cova) por um modelo em que o valor dos produtos continue a circular dentro de metabolismos saudáveis.

De acordo com o paradigma Cradle to Cradle, os produtos devem ser ponderados quanto a seu impacto positivo desde o momento da concepção, eliminando a noção de resíduo. Dessa forma, cada fim de ciclo de um produto é substituído pelo início de outro. “Precisamos pensar ciclicamente. Só reciclamos nove elementos dos 41 presentes em um aparelho celular. Isso não é reciclagem. Perderemos toda a nossa indústria nos próximos 15 anos se não mudarmos nosso modelo de produção”, afirmou.

Braungart apresentou uma série de projetos baseados no Cradle to Cradle, que já vêm sendo adotados mundo afora, como edifícios com florestas que purificam o ar ou com tetos que podem ser utilizados para a agricultura. Segundo contou o químico, tais iniciativas visam parâmetros “ecoefetivos”, capazes de criar pegadas positivas no ecossistema e alimentar o futuro das novas gerações. “É uma questão de inovação e de qualidade. Com a economia circular, compramos saúde e não somente o produto. É uma forma de celebração da vida. Já existem hoje 11 mil produtos elaborados a partir desse princípio no mercado globalmente. Acredito que estamos evoluindo bem”, explicou.

Roda de conversa

Antes da palestra de Braungart, a Casa Firjan promoveu uma roda de conversa com a presença de Sérgio Besserman, economista e presidente do Instituto de pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Besserman ressaltou que a degradação da natureza vem ocorrendo em uma velocidade superior à sua capacidade de regeneração, o que torna urgente a adoção de um novo modelo de negócios. “É necessária uma mudança civilizacional para que possamos proteger a natureza a tempo de evitar crises graves de água, solo e demais recursos. Temos no máximo 30 anos para resolver isso”, destacou.

Besserman dividiu a roda de conversa com Andreia Monteiro, gestora de Projetos do Instituto-E; Claudio Bastos, fundador da CBPAK Tecnologia; e Thiago Nasser, um dos idealizadores e organizadores da Junta Local.

Andreia apresentou iniciativas bem-sucedidas do Instituto-E e falou sobre a importância das empresas adotarem conceitos sustentáveis gradativamente em face da dificuldade de uma aceitação completa. Bastos, por sua vez, defendeu que o futuro do modelo de negócios é a economia circular, uma vez que, em sua visão, a sociedade vem se empoderando no tocante às questões ambientais. Já Nasser debateu o modo de funcionamento da Junta Local, comunidade que tem como objetivo aproximar pequenos produtores e consumidores, através das feiras, encurtando a cadeia alimentar e propondo uma relação mais íntima com a comida.

Besserman exaltou as iniciativas apresentadas: “Estes são os protagonistas da mudança. São eles que estão colocando a roda para girar em um contexto de muito atrito. Temos todos que contribuir com novos projetos também”, finalizou.

Fonte: Firjan

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