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INDÚSTRIA CRIATIVA AMPLIA PARTICIPAÇÃO NO PIB BRASILEIRO E QUASE DOBRA O NÚMERO DE TRABALHADORES FORMAIS

 

“A criatividade como capacidade de inovar de forma significativa se consolidou como um dos fatores determinantes da vantagem competitiva das empresas. Num cenário onde os produtos são cada vez mais parecidos, a criatividade passa a ser vista como um ativo importante dentro da lógica de agregação de valor”, observa Guilherme Mercês, gerente de Economia e Estatística do Sistema FIRJAN. 

 

Segundo o mapeamento, a geração de emprego no mercado formal de trabalho do setor avançou 90%, ante a média de 56% do país, fazendo saltar de 1,5% para 1,8% a participação da classe criativa sobre o total de empregados do país. No estado do Rio, esse avanço foi ainda mais expressivo. O Rio se destacou ao registrar crescimento de 1,8% para 2,3% na participação relativa dos trabalhadores criativos na economia fluminense. Em São Paulo, esse percentual está na casa dos 2,5%, porém não houve aumento expressivo no período. 

 

O mapeamento detectou em 2013, em todo o país, 892,5 mil profissionais criativos, dos quais cerca de ¼ do total (24,7% ou 221 mil trabalhadores formais) atuantes na indústria de transformação, o que é extremamente favorável para a competitividade das companhias brasileiras. O rendimento acompanhou o processo de valorização do setor e registrou crescimento real de 25,4% nestes dez anos. O rendimento mensal médio dos profissionais criativos é quase três vezes superior ao patamar nacional: R$ 5.422, contra R$ 2.073. 

 

“Os profissionais criativos, além de movimentarem a cadeia produtiva como um todo, são chave para gerar valor e competitividade. O caso da moda é emblemático, pois neste período, o valor agregado do produto exportado praticamente triplicou. Isso foi possível porque houve crescimento do design de moda no Brasil, com uma mudança no perfil do trabalhador. As profissões mais básicas saíram de cena e entraram aquelas com maior capacidade de significado e valor agregado”, ressalta Gabriel Pinto, coordenador do Programa Indústria Criativa do Sistema FIRJAN. 

 

PROTAGONISMO DO ESTADO DO RIO 

 

Na comparação por estado, o Rio de Janeiro é o grande protagonista também ao registrar as remunerações mais bem pagas em sete dos 13 segmentos analisados: Pesquisa & Desenvolvimento (R$ 14.510), Artes Cênicas (R$ 8.107), Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC (R$ 7.265), Audiovisual (R$ 5.350), Patrimônio & Artes (R$ 5.260), Design (R$ 3.326) e Moda (R$ 1.965).

 

A nova edição do mapeamento agregou o setor em quatro grandes áreas: Consumo (Arquitetura, Publicidade, Design, Moda); Cultura (Patrimônio e Artes, Artes Cênicas, Música, Expressões Culturais); Mídias (Editorial, Audiovisual); e Tecnologia (Biotecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento, Tecnologia da Informação e Comunicação). As quatro grandes áreas apresentaram ampliação do número de trabalhadores formais. Essa expansão ocorreu em todos os estados do país, inclusive com aumento real na remuneração, em comparação com 2004. Vale destacar que os maiores aumentos reais ocorreram nos segmentos que apresentavam menor remuneração: Moda (+42,1% / R$ 1.412), Música (+33,3% / R$ 2.216), Audiovisual (+32,7% / R$ 2.364) e Expressões Culturais (+31,6% / R$ 1.508). Outro dado positivo indica que os estados que detinham os menores salários foram justamente os que mais avançaram: Rondônia (+90,9%) e Paraíba (+65,6%). 

 

A área de Consumo abrigou os setores criativos que mais cresceram no período e, com isso, dobrou o número de profissionais, saltando para 423 mil trabalhadores formais. Os dados reforçam que o Sistema FIRJAN está no caminho certo, de valorizar o que o estado do Rio tem de melhor para gerar valor para a economia como um todo. Segundo o coordenador do Programa Indústria Criativa, o futuro é promissor. “O cenário é bastante favorável, até porque a própria indústria tem que lidar com problemas de competitividade que são muito antigos. Nesse contexto, a indústria criativa pode gerar muitos benefícios, e o crescimento dos setores criativos deve continuar avançando”, prevê Gabriel Pinto.

 

Embora avalie o cenário como favorável, ele diz que ainda há muito o que se avançar, para reduzir restrições ligadas à burocracia, tributação e à própria percepção da economia tradicional, que ainda não valoriza tanto o trabalho criativo. Para ele, as empresas internacionais já perceberam esse valor, mais do que as brasileiras. Entre as ações de fomento ao setor, capitaneadas pelo Sistema FIRJAN, o coordenador destaca a oferta de novos cursos de capacitação profissional, apoio a projetos de acesso a mercado e parcerias internacionais. 

 

TENDÊNCIAS E NEGÓCIOS 

 

Claudio Patrick, diretor da Bauen Indústrias Plásticas, diz que o mapeamento apresenta uma tendência de valorização da indústria criativa no Brasil, mas considera o país em estágio inicial nesse processo. “A indústria criativa é uma ferramenta muito poderosa para a empresa melhorar suas margens, sem ter que investir em maquinário. Nesse sentido, elogio a FIRJAN pelo trabalho de incentivar a indústria a apostar nessa tendência como estratégia de negócio”, acentua. 

 

Pedro Themoteo, sócio da MateriaBrasil – centro de referência em modelos de produção e consumo conscientes –, classifica como notáveis os avanços verificados desde 2004 e diz que as perspectivas para 2015 são realmente boas. Entre os desafios, ele cita a alta informalidade. “Mas o mercado está bem aquecido para a indústria criativa”, ressalta ele. Themoteo acredita que a economia criativa continuará crescendo acima da média de outros setores econômicos no Brasil.

 

Acesse o mapeamento em http://bit.ly/1DGaTMM

 

Fonte: Carta da Indústria

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