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BORRACHA EXTRAÍDA DO DENTE-DE-LEÃO


O ritmo da produção automobilística cresce no país, obrigando urna maior produção da borracha natural, um dos principais componentes dos pneus. Segundo o Ministério da Agricultura, atualmente, o Brasil atende somente 30% da demanda interna de borracha natural, extraída da Hevea brasiliensis. a seringueira. E cerca de 90% do consumo doméstico destina-se à indústria de pneumáticos.
 
Diante dessa realidade, um anúncio da Bridgestone Corporation traz boas-novas para o mercado de pneus: uma pesquisa conduzida pela Bridgestone Amérícas com dandelion (dente-de-leão ), originário da Rússia, indica que a borracha extraída dessa planta pode se tomar comercialmente viável Estudos semelhantes vêm sendo desenvolvidos na Alemanha, na China e no Japão.
 
Em julho a Apollo Vredestein, empresa holandesa de pneus, apresentou o primeiro protótipo obtido por meio de látex das plantas gualüle e dente-de-leão russo. A Bridgestone Corporation colabora com o projeto Russian Dandelion, liderado pelo Programa de Excelência em Alternativas à Borracha Natural (Penra), do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Agrícola da Universidade do Estado de Ohio (EUA).
 
O dente-de-leão (Taraxacurrt qificinale) não precisa de um clima quente para se desenvolver como a seringueira, criando a possibilidade de produzir látex a um custo inferior. Segundo os pesquisadores, há diversas outras plantas de que a borracha natural poderia ser extraída, como a Rubber rabbit bush a Goldenrod, a Ficus cariat L. eatkusauta (ambas espécies de figueiras), além da alface e do girassol. Uma pesquisa foi iniciada em março com o guaiüle, arbusto nativo do Sudoeste dos Estados Unidos e do Norte do México.
 
Essa planta e o dente-de-leão são os únicos conhecidos porconter borracha natural em suas raízes, com composição similar e desempenho funcional em relação à borracha convencional. Verificado que o dente-de-leão tem o mesmo nível de propriedades fisicas da borracha guaiüle.
 
No entanto, ainda precisamos confirmar o desempenho de ambas as borrachas – guaiüle e dente-de-leão – como borracha para a produção de pneu”, explica Iiiroshi Mouri, presidente do Centro de Nsquisase Tecnologia da Bridgestone Américas.
 
Atualmente, a Bridgestone examina o desempenho da borracha produzida pelo dente-de-leão para avaliação de suas propriedades na fabricação de pneus. Além disso, a empresa trabalha para desenvolver tecnologias de produção de pneus, usando látex extraído de dente-de-leão em quantidade e qualidade suficiente para o uso em larga escala.
 
O grande desafio é confirmar se a novidade tem as mesmas características de desempenho quando aplicada corno borracha para pneu. Ainda não é possível prever a quantidade do pneu que seria feito a partir da planta. Os produtos atuais têm cerca de 10% de sua composição do látex extraído da seringueira. Segundo Mouri, esse é um projetocom potencial para desenvolver urna fonte renovável de borracha natural que pode sercultivada e colhida nos Estados Unidos, reduzindo a forte dependência da seringueira.
 
“É possível reduzir o impacto sobre a alta volatilidade dos preços da borracha natural, ajudando a garantir um fornecimento adequado que atenda à demanda esperada para o futuro da produção de pneus”, complementa.
 
Isso poderia afetar ne gativamente a exportação brasileira, que hoje chega a maisde 7,4 mil toneladas por ano. Em contrapartida, os pneus desenvolvidos seriam 100% de materiais sustentáveis, tecnologias e processos que reduzem, reutilizam e reciclam matérias primas. Além disso, os subprodutos do processo de extração da borracha de dente-de-leão têm o potencial de serem usados para gerar biocombustíveis.
 
Os pesquisadores ressalvam que será feita a avaliação do efeito potencial do dente-de-leão sobre os ecossistemas locais, por não se tratar de uma espécie nativa. “Valorizar a brodiversidade é um componente-chave da nossa missão ambiental e é importante que qualquer cultivo desta planta como parte deste projeto seja sustentável e não invasivo para o meio ambiente natural”, afirma I ouri.
 
No Brasil, o pesquisador José Mário de Oliveira Ramos, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), iria começar um estudo similar de extração de borracha a partir do dente-de-leão russo em 2010, mas morreu antes do início do projeto.
 
Segundo o filho dele, Marcelo Ramos, empresário industrial do Instituto Tecnológico da Borracha (Erfeb), até o momento ninguém assumiu a pesquisa, porque os recursos seriam instificientes para o projeto. ESTUDOS NO BRASIL Enquanto pesquisadores estrangeiros estudam como extrair borracha natural de outras plantas que não a seringueira.
 
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (Iteb), no Brasil, trabalha em um projeto para obter borracha em p6.A equipe emprega a icadesproydrying,ou secagem por aspersão. O material é oferecido, normalmente, em blocos que demandam operações de moagem e pulverização. A consistência de pó ultrafino é uma alternativa mais simples para processos industriais, como a fabricação de resinas paliméricas.

Segundo a química e pesquisadora Lucilene Betega de Paiva, responsável pelo projeto, havia duas alternativas para desenvolver a pesquisa: por meio da irradiação ou por processos químicos.

O IPT optou pela segunda porque a técnica de Irradiação demanda Infraesmatura em grande escala e apresenta riscos à saúde dos trabalhadores. Atualmente, Lucilene estuda o limite de concentração de cada componente para obter um látex de qualidade. Em uma próxima etapa. Lucilene testará a aplicação do pó como aditivo em plásticos para melhorar a resistência ao impacto.
 
A borracha natural em pó poderia ser aplicada em materiais de polietileno para fortalecer engradados que transportam pão ou mesmo para criar pisos que não trincam ou tinta com efeitos emborrachados.A pesquisa, iniciada em maio de 2011. será concluída em abril de 2013. Os bons resultados obtidos já possibilitaram o pedido de depósito de uma patente.
 
Fonte: Estado de Minas

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