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EU QUERO O #FEITONOBRASIL

 

— A situação é grave, nosso mercado está doente. Várias tecidarias estão quebrando e as empresas que sobrevivem estão com dificuldade de se manter — avisa Renata. — A moda é o segundo mercado empregador do país. O consumidor precisa se educar a olhar para o que é feito no Brasil, saber a procedência e perceber a qualidade. A chegada do produto gringo com preço baixo cegou as pessoas.

 

A chamada rodinha (que teve edição carioca e paulistana) foi composta tanto por associações como por empresários da moda. Roberto Davidowicz, presidente da Associação Brasileira dos Estilistas (Abest); Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT); Rony Meisler, da Reserva; Liliane Taira, da Mocha; Renata Joca, da Maria Filó; François Ghislain Morillion, da Vert; e Ronaldo Fraga estavam lá e foram os primeiros a levantar a bandeira verde-amarela.

 

—O # feitonobrasil é uma proposta moderna e atual, que valoriza o que é nosso, mas sem se fechar para o mundo — afirma Pimentel.

 

O próximo passo é montar um comitê formado por pessoas solidárias, empresas e líderes, além de incentivar o consumo consciente. O site, já no ar (feitonobrasil.com.br), serve de ponto de partida para as grifes se unirem. Como é um movimento open source (todos podem participar), vai acontecer uma fiscalização para garantir que quem recebe o selo é de fato 100% (ou quase) brasileiro.

 

— Fizemos uma brincadeira nas rodinhas. Perguntamos às pessoas quantas peças de roupas nacionais estavam usando naquele momento. A moda brasileira foi minoria. Então, combinamos de tentar fazer um 7×1, desta vez com sete a favor do Brasil no look. Não é para ser xiita, mas é para fazer as pessoas ao menos terem isso em mente. Essa ação de ativar o localismo já existe, é superforte na gastronomia — comenta Renata, que ainda combinou com as marcas de taguear as peças que foram feitas integralmente no país, da fiação ao pós-venda.

 

As marcas terão responsabilidades além dos tags. Elas irão fazer um trabalho de aliança, comprometendo-se com os serviços terceirizados, para que o resultado do trabalho serja bom para todos os envolvidos. Rony, que garante que 99% do que vende na Reserva é feito no Brasil (apenas o couro é made Argentina e Uruguai), sugere que os donos das grifes façam um documento em que assumam um compromisso com as tecelagens, com pagamentos justos, sem atrasos e com frequência de trabalho. Para ele, o movimento tem que colar na cabeça como um mantra e magnetizar como uma hipnose.

 

Fonte: Caderno ELA – O Globo

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